quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Coruja nos Ciprestes

Julho 2006 - Baseado em factos semi (ir)reais...



Guiado pela fada verde, atravesso a vila abandonada a Morfeu.
O peso da minha pele verga os meus ossos, ossos guiados pela fada verde.
Atravesso a vila adormecida e passo pelo cemitério.
Os seus portões estão adormecidos.
Mas eis que rasgando as trevas um par de asas se abeira de um frio cipreste.
"Oh coruja que saltitas nos ciprestes, trazes noticias da minha amada?"
"A tua amada jaz fria na sua tumba, duas moedas nos olhos..."
"Nobre ave que vens do além, conta-me algo que eu não saiba."
"Senhor, não te deixes enganar pela fada verde que te conduz..."
Perturbado por tão fantasmagórica revelação, esgueiro-me pelo cemitério ignorando o lamaçal nascido no inicio da noite.
A coruja olha-me fixamente, são verdes os seus olhos.
Tomo o caminho gravado na minha mente, chegaria lá de olhos fechados.
Não preciso de seguir as sombras, não preciso de ouvir seus sussurros.
Sei o meu caminho, fui eu que o escolhi...
Aproximo-me do sepulcro, rasga-se a minha alma.
Sinto o vento do bater das asas, vento que me congela o rosto transpirado.
...pois o sepulcro está violado, seus selos quebrados, seu pó intemporal revolvido.
Horrenda visão, um vazio caixão de veludo onde apenas resta uma negra rosa cintilante.
Levaram o meu amor, abandonaram-me à dor...
Pelo mórbido piar da coruja sou despertado. olhando o céu nocturno.
As estrelas cintilam, é verde o seu brilho...

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