sábado, 8 de outubro de 2011

Gatos de Cemitério

Abril 2007



A minha inevitável caminhada pela Noite, levou-me ao inevitável cemitério... Na inevitável escuridão, destingui dois vultos que não faziam sentido: dois gatos guardavam a sua entrada, dois felinos possantes, simbolos cabalisticos no seu pelo, olhos faiscantes mesmo sem a luz da Lua...
Em transe recebi a sua mensagem, ditada numa lingua estranha mas universal. A linguagem dos sentidos, dos instintos, da Élite...
Relatos da angustia que afoga os homens, do sangue que ferve nas veias, do fraco poder das palavras... Inconstantes mutações, sentimentos que falham, o Caos organizado, as verdades nas mentiras... As máscaras que escondem tragédias, os gritos mudos carregados de veneno, a mão amiga que reclama por algo mais...
Acordei do transe, a cara encharcada em sangue, os sentidos desorientados por não reconhecerem o espaço...
A sombra da Terra inicia o devoramento da Lua. Tudo é passageiro, nada é eterno... A misericórdia está ao meu alcance. Cravo-a no peito sem hesitar. Estou morto... pelo menos para os outros...

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